quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Jogadores Históricos - George Best

"Maradona good. Pelé better. George Best
A figura escolhida chama-se George Best - na verdade uma figurassa - , um excepcional atacante irlandes, que nos anos 60 e 70 encantou os torcedores ingleses do Manchester United com seus belíssimos gols e cortes que deixavam os zagueiros tontos.
Mas, tonto mesmo quem gostava de ficar era o próprio George Best, um amante das bebidas. Certa vez Best disse : "Gastei muito dinheiro com bebidas, mulheres e carros. O resto eu desperdicei.". Outra vez disse : Em 1969, eu abandonei as mulheres e o álcool. Foram os 20 piores minutos da minha vida"
É por isso que Best é uma figura que deve ser sempre lembrada, principalmente nos dias de hoje em que parece ser requisito para jogar bola acreditar em Deus, não beber, não criar polêmicas e repetir aquelas mesmas frases : se Deus quiser, com humildade e etc etc etc.

Aqui alguns gols e belos dribles :



Aqui Best tontão num programa de TV :

Drummond

"Confesso que o futebol me aturde, porque não sei chegar até o seu mistério. Entretanto, a criança menos informada o possui". Mistério da Bola (1954)

História das Copas: o advento dos cartões amarelo e vermelho

Aqui uma história interessante sobre a origem dos cartões amarelo e vermelho, motivados por falhas de comunicações entre juízes e jogadores.


Por Rogério Torquato 

História das Copas: o advento dos cartões amarelo e vermelho

Além do apito e dos gestos, o árbitro de futebol tem outras duas armas essenciais, temidas pelos jogadores e "detestadas" pelos torcedores (fazer o quê?): os cartões. Não, não são cartões de crédito nem telefônicos - e sim cartões especiais, um amarelo e um vermelho. Quando o "Seu Juiz" põe a mão no bolso em meio ao jogo depois que manda parar um lance com uma falta considerada bem séria... aí já viu. Até a Copa de 1966, os árbitros de futebol indicavam as penalidades usando o apito e os gestos. agora, imagine um jogador de um país indo reclamar no ouvido do árbitro (de outro país, bem diferente do país do atleta) da falta de justiça com que foi definida uma punição para um determiando lance... ainda havia algum entendimento se as línguas fossem (ainda que vagamente) parecidas, ou se um dos interlocutores conhecesse a língua do outro.
Às vezes acontecia alguma surpresa, digamos, desagradável - como por exemplo com Garrincha em meio à Copa de 1962, no Chile. O Brasil jogava contra os anfitriões chilenos e a certa altura da partida o craque se revoltou com a arbitragem de Arturo Yamazaki, que, supunha, ser japonês ou algo parecido. E não contou conversa: crente que o juiz não entendia #*%$@! nenhuma de português, o brasileiro desceu-lhe ao pé do ouvido uma torrente de impropérios. Só havia um pequeno detalhe: Yamazaki, apesar do jeitão oriental, era um tremendo peruano descendente de japoneses - e não só entendeu tudo o que o "Craque das Pernas Tortas" quis dizer, como ainda o mandou mais cedo para o chuveiro... se o jogador mandou o árbitro para, digamos, lugares impublicáveis, ninguém sabe, mas é certo que foi expulso, isto consta em súmula...

Por diós, un intérprete!

Mas nem sempre a comunicação era possível. Nem por decreto, sinais de fumaça, usando esperanto, javanês ou código Morse - às vezes nem desenho funcionava! Foi exatamente o que aconteceu na Copa de 1966.
Transcorriam as quartas-de-final. Inglaterra x Argentina, arbitragem do alemão Rudolf Kreitlein, no meio da tarde do dia 23 de junho daquele ano no antigo estádio de Wembley - diante de umas 90 mil pessoas. Nem havia se passado um minuto de partida e o alemão havia distribuído advertências para os jogadores Jorge Solari, Antonio Rattín e Luis Artime... e ficou entre os "hermanos" a sensação que algo cheirava mal ali. Ainda no primeiro tempo, precisamente aos 35 minutos, o capitão Rattín já não aguentava as "barbeiragens" do alemão no apito e foi reclamar. O argentino implorava por um intérprete - pedido não só "incompereendido" (sacanagem!) como negado; e como gesticulava demais, o alemão achou que Rattín estava lhe esculhambando. Resultado: sobrou para o jogador argentino, que foi para o chuveiro mais cedo... consta que o jogo ficou paradouns 10 minutos, até o atleta ser retirado do campo de uma das piores formas: escoltado para fora das quatro linhas, e quase ocorreu um incidente diplomático! A Inglaterra venceu o jogo por 1 a zero (gol de Geoff Hurst aos 33 minutos do segudo tempo), e só, classificando-se às semifinais. Mais adiante o time da Rainha seria campeão - mas esta, naturalmente, é uma outra história, que a gente conta em breve...

Os cartões entram em campo


Por conta deste incidente lamentável e controverso, a Fifa instituiu os cartões amarelo - indicando advertência - e vermelho - indicando expulsão. Foi um modo de facilitar a comunicação enre árbitros e atletas que não entendiam a mmesma língua. Os cartões estrearam na Copa de 1970, no México - e estrearam com força. Logo no primeiro jogo, entre os anfitriões mexicanos e a União Soviética, foram distribuídos cinco cartões amarelos pelo árbitro alemão Kurt Tschenscher: Gustavo Pena (MEX), Givili Nodia e Gennadi Logofet (URS) levaram advertência com menos de um minuto de partida; Kakhi Asatiani (URS) foi advertido aos 36 minutos; e Evgeni Lovchev (URS) recebeu seu "amarelo" aos 40 minutos do primeiro tempo.
O cartão vermelho não saiu dos bolsos de árbitros para ninguém na Copa de 1970. Só em 1974 é que o dito-cujo estreou: foi em Alemanha Ocidental x Chile - preciamente no dia 14 de junho de 1974, jogo realizado no meio da tarde no Estádio Olímpico de Berlim, diante de pouco mais de 83 mil pessoas. O árbitro era o turco Dogan Babacan, e o jogador chileno Carlos Caszely foi agraciado com o primeiro cartão vermelho da história das Copas, aos 22 minutos do segundo tempo (o mesmo Caszelu havia recebido cartão amarelo aos 13 minutos do primeiro tempo).

Carlos Drummond de Andre

                                               Mané e o Sonho
       
         A necessidade brasileira de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam o prazer de um espetáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.
        Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entanto alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, despreparado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguiria vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.
        Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconseqüente, com uma inocência que não excluía espertezas instintivas de Macunaíma — nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir um povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia. A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensandonos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida (se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto) consistia no papo de botequim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prazer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.
       Não sou dos que acusam dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral, de ingratidão para com Garrincha. Na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar o fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para nos desanuviar a alma, para nos consolar dos nossos malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, de estrela na testa, como Pelé.
        A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe de autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs.
        Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir a quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que prevêem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória — que não acontece. Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e
Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.
       Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Nelson Rodrigues

                              COMPLEXO DE VIRA-LATAS
Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da semana. Os jogadores já partiram[1] e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: “O Brasil não vai nem se classificar!”. E, aqui, eu pergunto: não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?
Eis a verdade, amigos: desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamen­te nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. O tempo passou em vão sobre a derrota. Dir-se-ia que foi on­tem, e não há oito anos, que, aos berros, Obdulio arrancou, de nós, o título. Eu disse “arrancou” como poderia dizer: “ex­traiu” de nós o título como se fosse um dente.
E, hoje, se negamos o escrete de 58, não tenhamos dúvida: é ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, pa­ra nós mesmos, qualquer esperança. Só imagino uma coisa: se o Brasil vence na Suécia, se volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as com­portas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício.
Mas vejamos: o escrete brasileiro tem, realmente, possi­bilidades concretas? Eu poderia responder, simplesmente, “não”. Mas eis a verdade: eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: sou de um patriotismo inatual e agressivo, dig­no de um granadeiro bigodudo. Tenho visto jogadores de ou­tros países, inclusive os ex-fabulosos húngaros, que apanharam, aqui, do aspirante-enxertado do Flamengo. Pois bem: não vi ninguém que se comparasse aos nossos. Fala-se num Puskas. Eu contra-argumento com um Ademir, um Didi, um Leônidas, um Jair, um Zizinho.
A pura, a santa verdade é a seguinte: qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de im­provisação, de invenção. Em suma: temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qua­lidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexo de vira-latas”. Estou a imaginar o espanto do leitor: “O que vem a ser isso?”. Eu explico.
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inver­dade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do qua­dro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos supe­riores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do empate. Pois bem: e perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: porque Obdulio nos tratou a pon­tapés, como se vira-latas fôssemos.
Eu vos digo: o problema do escrete não é mais de fute­bol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um pro­blema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez  que ele se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, co­mo o chinês da anedota. Insisto: para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão.

[Manchete Esportiva, 31/5/1958]






[1] Última crônica antes da estréia do Brasil na Copa de 1958.



sábado, 6 de novembro de 2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Esporte Liberário

O Futebol é o esporte coletivo mais libertário para os seus jogadores. Não que os outros esportes sejam mecânicos , mas é que o Futebol está num outro patamar :  Já assistimos a milhares de gols e dribles distintos - já assistimos até mesmo a gols de bicicleta .Onde haveria tamanha invenção ?