quinta-feira, 11 de novembro de 2010

História das Copas: o advento dos cartões amarelo e vermelho

Aqui uma história interessante sobre a origem dos cartões amarelo e vermelho, motivados por falhas de comunicações entre juízes e jogadores.


Por Rogério Torquato 

História das Copas: o advento dos cartões amarelo e vermelho

Além do apito e dos gestos, o árbitro de futebol tem outras duas armas essenciais, temidas pelos jogadores e "detestadas" pelos torcedores (fazer o quê?): os cartões. Não, não são cartões de crédito nem telefônicos - e sim cartões especiais, um amarelo e um vermelho. Quando o "Seu Juiz" põe a mão no bolso em meio ao jogo depois que manda parar um lance com uma falta considerada bem séria... aí já viu. Até a Copa de 1966, os árbitros de futebol indicavam as penalidades usando o apito e os gestos. agora, imagine um jogador de um país indo reclamar no ouvido do árbitro (de outro país, bem diferente do país do atleta) da falta de justiça com que foi definida uma punição para um determiando lance... ainda havia algum entendimento se as línguas fossem (ainda que vagamente) parecidas, ou se um dos interlocutores conhecesse a língua do outro.
Às vezes acontecia alguma surpresa, digamos, desagradável - como por exemplo com Garrincha em meio à Copa de 1962, no Chile. O Brasil jogava contra os anfitriões chilenos e a certa altura da partida o craque se revoltou com a arbitragem de Arturo Yamazaki, que, supunha, ser japonês ou algo parecido. E não contou conversa: crente que o juiz não entendia #*%$@! nenhuma de português, o brasileiro desceu-lhe ao pé do ouvido uma torrente de impropérios. Só havia um pequeno detalhe: Yamazaki, apesar do jeitão oriental, era um tremendo peruano descendente de japoneses - e não só entendeu tudo o que o "Craque das Pernas Tortas" quis dizer, como ainda o mandou mais cedo para o chuveiro... se o jogador mandou o árbitro para, digamos, lugares impublicáveis, ninguém sabe, mas é certo que foi expulso, isto consta em súmula...

Por diós, un intérprete!

Mas nem sempre a comunicação era possível. Nem por decreto, sinais de fumaça, usando esperanto, javanês ou código Morse - às vezes nem desenho funcionava! Foi exatamente o que aconteceu na Copa de 1966.
Transcorriam as quartas-de-final. Inglaterra x Argentina, arbitragem do alemão Rudolf Kreitlein, no meio da tarde do dia 23 de junho daquele ano no antigo estádio de Wembley - diante de umas 90 mil pessoas. Nem havia se passado um minuto de partida e o alemão havia distribuído advertências para os jogadores Jorge Solari, Antonio Rattín e Luis Artime... e ficou entre os "hermanos" a sensação que algo cheirava mal ali. Ainda no primeiro tempo, precisamente aos 35 minutos, o capitão Rattín já não aguentava as "barbeiragens" do alemão no apito e foi reclamar. O argentino implorava por um intérprete - pedido não só "incompereendido" (sacanagem!) como negado; e como gesticulava demais, o alemão achou que Rattín estava lhe esculhambando. Resultado: sobrou para o jogador argentino, que foi para o chuveiro mais cedo... consta que o jogo ficou paradouns 10 minutos, até o atleta ser retirado do campo de uma das piores formas: escoltado para fora das quatro linhas, e quase ocorreu um incidente diplomático! A Inglaterra venceu o jogo por 1 a zero (gol de Geoff Hurst aos 33 minutos do segudo tempo), e só, classificando-se às semifinais. Mais adiante o time da Rainha seria campeão - mas esta, naturalmente, é uma outra história, que a gente conta em breve...

Os cartões entram em campo


Por conta deste incidente lamentável e controverso, a Fifa instituiu os cartões amarelo - indicando advertência - e vermelho - indicando expulsão. Foi um modo de facilitar a comunicação enre árbitros e atletas que não entendiam a mmesma língua. Os cartões estrearam na Copa de 1970, no México - e estrearam com força. Logo no primeiro jogo, entre os anfitriões mexicanos e a União Soviética, foram distribuídos cinco cartões amarelos pelo árbitro alemão Kurt Tschenscher: Gustavo Pena (MEX), Givili Nodia e Gennadi Logofet (URS) levaram advertência com menos de um minuto de partida; Kakhi Asatiani (URS) foi advertido aos 36 minutos; e Evgeni Lovchev (URS) recebeu seu "amarelo" aos 40 minutos do primeiro tempo.
O cartão vermelho não saiu dos bolsos de árbitros para ninguém na Copa de 1970. Só em 1974 é que o dito-cujo estreou: foi em Alemanha Ocidental x Chile - preciamente no dia 14 de junho de 1974, jogo realizado no meio da tarde no Estádio Olímpico de Berlim, diante de pouco mais de 83 mil pessoas. O árbitro era o turco Dogan Babacan, e o jogador chileno Carlos Caszely foi agraciado com o primeiro cartão vermelho da história das Copas, aos 22 minutos do segundo tempo (o mesmo Caszelu havia recebido cartão amarelo aos 13 minutos do primeiro tempo).

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